SOCIEDADE MICROBIANA X SOCIEDADE HUMANA.



“Qual das sociedades é mais justa, mais coerente, mais benevolente, mais fraterna, mais caridosa, mais coopererativa, mais amorosa, mais solidária e finalmente mais social?”

Como podemos afirmar que uma sociedade é melhor que a outra?

Podemos afirmar que uma sociedade é melhor que a outra, através de seus atos, suas atitudes e finalmente por seu comportamento coletivo.

Vou iniciar escrevendo sobre a sociedade microbiana.

Os micróbios vivem em sociedade. Eles são os seres vivos mais sociais que conheço. Eles vivem em todas as suas proles.

Os micróbios procuram agir como uma entidade harmoniosa e coordenada para enfrentar as crises ambientais.

Para nós, a vida é um processo sinérgico, cooperativo e simbiótico exerçendo escolhas, onde os parceiros triunfam.

Muitas alianças microbiais têm como finalidade a nutrição e a sobrevivência. O dejeto de um micróbio é alimento de outro. Essas observações demonstram que os seres vivos são interdependentes e interconectados.

A história celular revela que a simbiose, a cooperação e a parceria são as regras da evolução. Os micróbios já entenderam isso e vivenciam essas regras, mas os seres humanos ainda não compreenderam. De um modo geral, as espécies destruidoras surgem e desaparecem, enquanto as que cooperam crescem com o tempo.
Devemos entender que a vida é uma teia de relações orquestradas. Hoje já sabemos que a aliança simbiótica que se torna permanente é um mecanismo evolutivo mais rápido do que a mutação.

A simbiose permanente cria um organismo que passa a apresentar a soma de todas as combinações possíveis dessas partes.

A simbiose, isto é, a fusão permanente de organismos em novas coletividades representa um grande poder de mudança na Terra.

Na verdade, não somos seres únicos e sím seres mistos. As mitocôndrias que habitam pacificamente as nossas células, fornecendo energia são recompensadas por receberem um lugar aconchegante e nutritivo para sobreviver.

Algumas pessoas leigas no assunto acham que essa comprovação científica e espiritual é assustadora. Nossa noção de individualidade, singularidade e independência estão desafiadas e foram jogadas no ralo.

Os procariotos por exemplo, doam genes incondicionalmente aos seus semelhantes e essa atitude facilita a sobrevivência deles. Existem procariotos que doam todo o seu conteúdo gênico para que outros sobrevivam. Isso é incrível, não é? O suicídio celular é também praticado no micromundo com finalidade altruista.

A outra informação é fatal para nossas conclusões.

Nas sociedades microbianas não existem células mendigas.

Na verdade, temos muito que aprender com as células. Elas evoluiram, transformaram-se e adapitaram-se em bilhões de anos. Elas se uniram para formar seres mais complexos. Elas criaram a enorme diversidade de vida que existe em nosso planeta.

Hoje, não tenho mais dúvidas, que temos que aprender muito com o comportamento, com a psicologia das células procarióticas e eucarióticas no mundo que vivemos.

Vamos procurar abordar agora a sociedade humana. Todos sabemos que a psique humana é muito complexa.

Como podemos produzir seres humanos sábios, se eles não aprenderem a intervir no seu mundo psíquico e a gerenciar seus pensamentos e emoções?

Nossas escolas deveriam abordar o processo de construção de pensamentos pela mente ou pela relação mente e cérebro de pensadores humanistas integrais com visões globais e universais, que promovessem debates de idéias sobre o funcionamento da mente e sobre os grandes problemas biopsicossociais da nossa espécie e suas relações com os outros sistemas vivos.

Devemos entender que a arte de pensar não é exclusiva do ser humano ou de animais que têm sistema nervoso ou cérebro. Todos os seres vivos apresentam relação mente e corpo e são sensitivos e perceptivos. A célula já é um ser pensante. A célula já é um ser psíquico. A relação mentecérebro evoluiu nos animais. A célula já é um ser psicobiossocial. Os procariotos foram os primeiros seres psicobiossociais. Eles são os seres mais sociais que conhecemos. Vivem, interagem, combinam, recombinam e se relacionam com todas as suas proles. O que é vida? Vida são procariotos e suas proles. Devemos entender que os micróbios são os mestres da sociobiologia. Os seres humanos não tinham essa noção, porque os micróbios foram os últimos seres vivos estudados por nós.

Somos uma espécie problemática, pois achamos errôniamente que estamos separado de tudo. O grande problema do ser humano é a separação. Somos uma espécie dividida, segmentada, dilacerada psicossocialmente. Na verdade, somos uma única espécie, mais não honramos a condição de seres vivos mais inteligentes que somos. Não somos seres independentes e sim, seres vivos interdependentes e interconectados.

Parece que os seres humanos perderam as suas características mais nobres da inteligência de amar, servir e perdoar, que levam a felicidade.
Parece que os seres humanos perderam ou, talvez, nunca tenham conquistado as características mais nobres da inteligência capazes de ter uma macrovisão da vida, do universo e da espécie humana como um todo, a fim de alicerçar uma teoria de igualdade, construindo coletivamente sentimentos globais, universais mais altruístas da psique.

Globalizamos a cultura e a economia, mas não globalizamos a cidadania.

O que cidadania?

Cidadania é para nós, muito mais do que o gozo dos direitos e deveres civis e políticos de um cidadão em uma sociedade, mas também a um compromisso biopsicosossial e a um engajamento em projetos de preservação e expansão da qualidade de vida do outro, das sociedades, da espécie humana como um todo e do ambiente ecossocial.

Muitas vezes, a condição que usamos na resolução dos conflitos é a força, a agressividade ou a omissão, e não a arte de pensar, de analisar as variáveis, de ouvir despreconceituosamente, de aprender a ceder quando necessário, de exercitar tolerância e de reconhecer as necessidades do outro.

Os seres humanos precisam mudar seu comportamento. Temos que controlar nossos estímulos agressivos. Temos que limitar o nosso crescimento voraz demográfico. Existem muitas pessoas morrendo de fome e de sede no planeta Terra. O abandono social é enorme.

Gastamos uma fortuna em armas de destruição em massa, para destruirmos nós mesmos. Adoramos guerras. Adoramos lutar. Adoramos ver o sangue saindo do corpo humano e dos animais. O que fazemos com os animais é assustador. Toda essa psicosfera geral de temor desumaniza o ser humano. Os espinhos que nós, seres humanos colhemos, são da árvore que plantamos.

A humanidade terá que mudar se quiser sobreviver em longo prazo no planeta Terra.

Precisamos passar por uma reestruturação
intelectual, moral, ética, científica e espiritual, capaz de proporcionar ao ser humano uma espiritualidade que o integre com a infinita Conscência Cósmica.

É essencial abandonarmos nosso modo limitado de pensar e despertarmos para uma visão cósmica da vida. Felizmente o mundo está começando a atingir novos níveis integrais de espiritualidade.

Devemos lembrar o seguinte: “onde há amor há fartura e sucesso”.

Devemos sempre adotar medidas sociopolíticas coerentes e lúcidas de forma integral, global ou universal, totalmente sem fronteiras, pois na verdade, somos irmãos espirituais.

Devemos fazer uma nova sociedade, mais justa, menos cruel, onde amar seja regra e não exceção.
Por tudo que foi comentado nessa matéria chegamos a seguinte conclusão:

“TEMOS QUE APRENDER MUITO COM AS CÉLULAS”.

José Eduardo Antonio de Mattos




Muita Paz e Luz.
Um beijo no coração de todos.


José Eduardo Antonio de Mattos
Angela Maria de Aquino Mattos