DESÇA
DO ÔNIBUS
DESÇA DO ÔNIBUS
por Pr. Ed René Kivitz
Pastor Evangélico
“...toda vez que você discute religião você
afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância”
Para quem não sabe, semanas atrás os jogadores do Santos
foram convidados a ir a um hospital em que são tratadas crianças
portadoras de deficiências mentais. Já na porta do hospital,
alguns jogadores ficaram sabendo que ele está ligado a entidades
espíritas e, imediatamente, se recusaram a entrar no hospital,
sob a alegação de que sua religião, não
declarada no momento, mas presumivelmente evangélica, os proíbe
de contatos com o espiritismo. Recusaram-se, assim, a manter contato
com as crianças doentes. Outros jogadores entraram no hospital
e cumpriram a tarefa para a qual haviam se deslocado até ali.
Criticado, como os demais do grupo resistente, Robinho exigiu:
“- É preciso que respeitem a religião da gente”.
Texto sobre o episódio envolvendo os jogadores do Santos numa
visita ao Lar Espírita Mensageiros da Luz, que cuida de crianças
com deficiência cerebral, para entregar ovos de Páscoa.
Uma parte dos atletas, entre eles, Robinho, Neymar, Ganso e Fabio Costa,
se recusaram a entrar na entidade e preferiram ficar dentro do ônibus
do clube, sob a alegação que são evangélicos.
Ed René Kivitz, Pastor evangélico e santista desde pequenino,
faz as seguintes ponderações:
Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa.
Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo
religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso
cada vez mais me convenço que o Cristianismo implica a superação
da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas categorias
da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.
A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus
e códigos morais de cada tradição de fé.
A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais
Bíblia e de cada uma das tradições de fé.
Quando você começa a discutir quem vai para céu
e quem vai para o inferno, ou se Deus é a favor ou contra a prática
do homossexualismo, ou mesmo se você tem que subir uma escada
de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor
de Deus, você está discutindo religião.
Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação
ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do
Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão,
você está discutindo religião.
Quando você fica perguntando se a instituição social
é espírita kardecista, evangélica, ou católica,
você está discutindo religião.
O problema é que toda vez que você discute religião
você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e
a intolerância.
A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de
outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso
sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por
aí vai.
E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros,
ou pela conversão à sua religião, o que faz com
que os outros deixem de existir enquanto outros e se tornem iguais a
nós, ou pelo extermínio através do assassinato
em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo,
isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.
Mas quando você concentra sua atenção e ação,
sua práxis, em valores como reconciliação, perdão,
misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade,
você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas
as tradições religiosas. E quando você está
com o coração cheio de espiritualidade, e não de
religião, você promove a justiça e a paz.
Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, fazem
com que os discordantes no mundo das crenças se dêem as
mãos no mundo da busca de superação do sofrimento
humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de
raça, gênero, e inclusive religião.
Em síntese, quando você vive no mundo da religião,
você fica no ônibus. Quando você vive no mundo da
espiritualidade que a sua religião ensina – ou pelo menos
deveria ensinar - você desce do ônibus e dá um ovo
de páscoa para uma criança que sofre a tragédia
e miséria de uma paralisia mental.
Ed René Kivitz, Pastor evangélico
Ed René Kivitz é teólogo, escritor
e pastor. Mestre em Ciências da Religião pela Universidade
Metodista de São Paulo. Seu livro Vivendo com propósitos,
está na terceira edição, com mais de 30.000 cópias
vendidas. Desde 1989 desenvolve seu ministério pastoral na Igreja
Batista de água Branca, em São Paulo, Capital. Publicou
também pela editora Mundo Cristão o livro Outra espiritualidade,
já em sua 2ª edição. É casado com Silvia
Regina, com quem tem dois filhos, Vitor e Fernanda.
“Temos bastante religião para fazer-nos odiar uns aos outros,
mas não o bastante pare que nos amemos uns aos outros”.
Jonathan Swift
Postado no Jornal POR DO SOL – JUL 2010
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE SOBRE A MATÉRIA POSTADA:
Somos espíritos errantes.
Somos aprendizes de Deus.
Ao invés de jogar a primeira pedra, jogue a primeira flor.
O diálogo inter-espiritual levará ao Ecumenismo.
O diálogo inter-espiritual levará a Espiritualidade Integral.
A Espiritualidade Integral não é unidade de pensamento,
mas sim, respeito às diferenças.
Parabéns ao pastor evangélico Ed René Kivitz, pois,
sua conduta em defesa do próximo é exemplo de amor, perdão,
compaixão e de grande espiritualização.
Foi muito bom interagir com o senhor em nosso site, que visa o “Amor
Universal”.
O “Amor Universal” é a meta de todo o “Ser”.
Muita Paz e Luz.
Um beijo no coração de todos.
José Eduardo Antonio de Mattos
Angela Maria de Aquino Mattos